As características peculiares da espécie humana são tributárias da ordem
simbólica, constituinte da cultura, na qual o homem se encontra radicalmente
inserido. Da mesma forma que o peixe é o
último a perceber a existência da
água o homem, de modo geral, é alienado na linguagem, num desconhecimento crônico
de si mesmo.
A sombra do sofrimento é pão que nunca falta na mesa do humano, exatamente porque ele não sabe quem ele é.Tanto o corpo como o mapa mental de cada indivíduo (um-dividido) é escrito pela linguagem. Como disse Lacan: “a letra mata a coisa e coloca em seu lugar o símbolo”. Assim, a anatomia do corpo, da mente, da diversidade de coisas e de fenômenos do mundo exterior, ao serem nomeados, transforma-se em conhecimentos e escrituras.
Somos, portanto, seres históricos e simbólicos. De acordo com os linguistas, a função da linguagem é reproduzir a realidade, sendo que o termo reprodução deve ser entendido, literalmente, como produzir novamente. Assim sendo: a cada fala as coisas e os acontecimentos são recriados pela linguagem. Como não há pensamento e nem objetos do mundo sem a linguagem, tudo parece ser criado ou recriado num contexto de temporalidade.
A capacidade que o homem possui de estabelecer uma relação entre o real e o signo, este último deve ser entendido como um representante do real, conhecido como significação, o mundo passa a ter significado. Tudo aquilo que é, por natureza, indiferente para todos os outros seres vivos, torna-se significativo para a humanidade.
Vejamos o que diz o apólogo chinês:
Disse um amigo ao outro, sobre a ponte:
“Olha como os peixes
estão alegres no rio”.
O outro replicou:
“Como é que tu, que
não és peixe,
sabes que os peixes
estão alegres no rio?”
O primeiro respondeu:
“Por minha alegria em
cima da ponte”.
CAIXA PRETA
26/01/2015
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