Infeliz daquele que nega a sua
própria história e não assume a responsabilidade pela sua própria vida. Jamais
poderá sentar no trono da sua própria vida, para poder reiná-la.
Fatalmente estará
condenado a viver da vida e não viver
a vida. Estará sempre sob a égide do reino dos outros, atuando
simplesmente como escravo. Não passa de um vir-a-ser, um projeto de existência.
O resultado não pode ser outro senão a decepção e a tristeza, o tédio e a
nostalgia do UM em vão prometido
Eu sou eu mesmo. É nisso
que consiste e aí está a origem de toda sabedoria: em sabermos que sabemos, em
pensar que pensamos, em captar-nos simultaneamente como sujeito e objeto de
nossa experiência. Não se trata de fazer, uma reflexão auto-analítica, nem de
pensar ou pesar nossa capacidade intelectual, nossas possibilidades e
limitações. Isso seria o mesmo que partir a consciência em duas metades: uma
observando e outra sendo observada. Não se trata de uma projeção do ego sobre o
objeto, mas trata-se do sujeito e do objeto que se identificam. É uma coisa
simples e possessiva. Sou eu que percebo, e o percebido também sou eu mesmo. É
consciência que se dobra sobre si mesma. Eu sou eu mesmo.
Portanto, sou alguém
singular, absoluto e inédito. Eis o mistério do homem. Depois da palavra Deus,
o pronome pessoal “EU” é a palavra mais
sagrada do mundo. Eu sou um e único e os outros também.
Podemos até ter filhos.
Tendo-os, reproduzimo-nos na espécie. Mas não podemos reproduzir na
individualidade. Não posso repetir-me em meus filhos.
CAIXA PRETA Roberto Lanza
12/12/2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário