terça-feira, 12 de dezembro de 2017

VIVER DA VIDA


Infeliz daquele que nega a sua própria história e não assume a responsabilidade pela sua própria vida. Jamais poderá sentar no trono da sua própria vida, para poder reiná-la.

Fatalmente estará condenado a viver da vida e não viver a vida. Estará sempre sob a égide do reino dos outros, atuando simplesmente como escravo. Não passa de um vir-a-ser, um projeto de existência. O resultado não pode ser outro senão a decepção e a tristeza, o tédio e a nostalgia do UM em vão prometido

Eu sou eu mesmo. É nisso que consiste e aí está a origem de toda sabedoria: em sabermos que sabemos, em pensar que pensamos, em captar-nos simultaneamente como sujeito e objeto de nossa experiência. Não se trata de fazer, uma reflexão auto-analítica, nem de pensar ou pesar nossa capacidade intelectual, nossas possibilidades e limitações. Isso seria o mesmo que partir a consciência em duas metades: uma observando e outra sendo observada. Não se trata de uma projeção do ego sobre o objeto, mas trata-se do sujeito e do objeto que se identificam. É uma coisa simples e possessiva. Sou eu que percebo, e o percebido também sou eu mesmo. É consciência que se dobra sobre si mesma. Eu sou eu mesmo.

Portanto, sou alguém singular, absoluto e inédito. Eis o mistério do homem. Depois da palavra Deus, o pronome pessoal “EU”  é a palavra mais sagrada do mundo. Eu sou um e único e os outros também.

Podemos até ter filhos. Tendo-os, reproduzimo-nos na espécie. Mas não podemos reproduzir na individualidade. Não posso repetir-me em meus filhos.


CAIXA PRETA Roberto Lanza

12/12/2017

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